quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O caminho do menor esforço

Moacyr Castellani

Em filosofia oriental, ensina-se que devemos seguir o caminho do menor esforço. Infelizmente, este ainda é um conceito mal compreendido no ocidente. Ingenuamente, alguns acreditam que o caminho do menor esforço é o caminho da passividade, do recolhimento, da preguiça e estagnação.

Mas isto não é verdade. Preste atenção: caminho do menor esforço não é caminho sem esforço, mas apenas do menor. Ou seja, mesmo quando as soluções são árduas e complicadas, há uma que exigirá um esforço menor. Por mais difíceis que sejam as possibilidades, existe uma não tão difícil. Por mais complicada que seja uma tarefa, há sempre um modo menos desgastante de realizá-la. Há sempre uma saída mais natural.


É uma situação básica da natureza. Por que o curso de um riacho é tortuoso? É porque ele segue o caminho do menor esforço. Mas não seria mais fácil correr em linha reta, uma trajetória mais curta? Ora, um trajeto mais curto nem sempre é o de menor esforço. Você consegue imaginar quanta energia seria necessária para que o riacho perfurasse uma rocha que se colocasse em seu caminho? Seria um esforço exagerado atravessá-la. É mais simples dar a volta, contornar o obstáculo. É um princípio da natureza: encontrar o caminho mais natural, do menor esforço. Não evitar nem confrontar o obstáculo, apenas superá-lo.


Mas infelizmente o ser humano está condicionado a valorizar apenas caminhos complicados, soluções complexas e escolhas difíceis. Evita a solução mais simples, o bom senso, a saída mais óbvia. Pressionado a ser criativo diante de um universo de exigências, o indivíduo se esforça em demasia, desesperadamente, em busca de saídas para seus problemas.
A busca por soluções é importante, mas não deve ser exercida de forma exagerada, preocupando-se demasiadamente com resultados. Esforçar-se além das possibilidades do momento é levar uma situação à exaustão, ao stress. O sofrimento surge exatamente nestes momentos de stress, quando uma situação é levada ao extremo.

Se o indivíduo forçar uma situação além de suas possibilidades, sofrerá. Se ele se forçar a ser mais do que realmente é, chegará à exaustão.
É claro que um dia poderemos ser capazes de realizar algo que hoje ainda não se apresenta possível. Afinal, somos seres humanos, crescemos, amadurecemos. Mas não adianta exigir que uma criança sustente um peso de trinta quilos. Isto seria forçar algo que ela ainda não é capaz. No futuro, quando adulta, ela conseguirá. Mas agora ela não é capaz. Como dizia Jung, "Não é perfeição mas totalidade o que se espera de você."


Busque então o caminho do menor esforço, seja você mesmo. Aproveite seus potenciais mas respeite seus limites. Faça a sua parte mas descubra o próprio ritmo. Encontre paz em tudo o que você fizer. Siga o caminho do menor esforço, onde "você nada faz, mas nada deixa por fazer".


Do site Movimento Despertar

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