quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Livro Unidade Prata - parte 3

UNIDADE PRATA

Aldomon Ferreira

Uma semana havia passado desde o primeiro contato com o Eu Superior.

Estava fora do corpo físico, em meu quarto, quando de repente a mulher de fogo entrou pela parede. Parecia apressada, e foi logo dizendo:

- Volte para o corpo físico. Hoje você irá elevar a Kundalini.

Regressei imediatamente ao corpo e, deitado na cama, pus-me a esperar.

Passados alguns instantes, comecei a ter a sensação de existir uma coroa de energia no alto da minha cabeça, lançando um raio que rapidamente desceu pela coluna vertebral até o cóccix. De imediato tive o controle da circulação das energias psico-elétricas do meu organismo.

Um tanto quanto alheio à minha vontade, puxei a energia central da espinha, de baixo para cima.

Quando a energia bateu na cabeça, abriu-se um universo interior.

Neste momento, enxerguei com os olhos do espírito. Dentro de mim, vi galáxias, constelações e planetas.

Senti que aproximava-se o momento da fusão do meu microcosmo com o macrocosmo.

Quando tive este pensamento, duas outras energias começaram a subir pela coluna vertebral. Uma era yin, e a outra yang. Ao entrarem em minha cabeça, foram transferidas para o meu microcosmo. Quando as duas se tocaram, instantaneamente transformaram-se em um líquido dourado, o qual jorrou de forma suave, em meio ao meu universo interior.

Fui totalmente envolvido por um êxtase incomensurável.

À medida em que o jorro aumentava, sentia como se todos os seres da Criação habitassem em mim, ao mesmo tempo em que eu me manifestava em todas as criaturas do macrocosmo. Tudo isso em uma fração de tempo que não havia como calcular.

Simultaneamente, eu era o falcão que voava alto em um país distante e também o vento no qual o falcão planava suas asas. Era a montanha que enfeitava o horizonte; habitava o sol a iluminar o sistema solar.

Senti a presença de Deus em mim, chegando à conclusão de que tudo que existe faz parte de Deus.

De repente, pude sentir que uma série de faculdades psíquicas tinham sido acionadas. Eu podia ver qualquer coisa que quisesse, bastando pensar para que surgisse em minha cabeça a imagem da coisa desejada.

Pude escutar os pensamentos de qualquer pessoa. Minha cabeça foi mudando de forma. Seu topo ficou pontiagudo. Pensei: "Nossa! Se minha cabeça não voltar ao normal, o que vou fazer?"

O líquido dourado desapareceu e o êxtase diminuiu. As faculdades recém adquiridas também foram desativadas.

Levantei-me da cama ainda sentindo um suave prazer cósmico.

Durante algum tempo fiquei sentado na cama, quase totalmente imóvel.

Minha cabeça estava envolvida por um turbilhão de pensamentos, vindos dos mundos mais sutis. Tais pensamentos faziam minha consciência expandir-se cada vez mais, interpenetrando e sentindo a consciência de outros seres, entrando em uma verdadeira empatia cósmica.

Deitei-me novamente, com a intenção de sair do corpo. Sabia que estava com uma vibração tão alta que naturalmente me projetaria para dimensões bastante sutis.

Comecei a flutuar lentamente para fora do corpo, e pude observar que ele havia se transformado em um brilhante sol dourado.

Todo o meu quarto ficou imensamente iluminado.

De súbito, uma força desconhecida impulsionou-me para cima.

Não reagi, pois sabia que, com toda certeza, poderia confiar no que estava acontecendo.

Saí da atmosfera terrestre em altíssima velocidade. Logo atrás de mim formara-se uma cauda faiscante, que assemelhava-se a de uma estrela cadente.

Sem que eu percebesse, atravessei o sistema solar, passei velozmente entre as constelações da Via Láctea. Ao atravessar a galáxia, fiquei momentaneamente estacionado no espaço vazio que há entre as galáxias.

Esperava que alguma coisa surgisse perto de mim quando, a uns duzentos metros, um imenso espiral branco apareceu, sugando-me para dentro dele.

Ao ser inevitavelmente tragado, transitei por um túnel branco e prateado.

Terminada a travessia, identifiquei que estava em um mundo onde as formas eram inexistentes, a começar por mim mesmo. Meu corpo desintegrou, transformando-se em essência espiritual que, de imediato, fundiu-se ao mundo da essência da vida.

O mundo em que eu acabara de entrar possuía, em sua natureza, leis totalmente adversas às que regem o planeta Terra.

Sentia tantas coisas maravilhosas, impossíveis de serem transmitidas através das palavras que, mesmo que buscasse em todos os dicionários de toda a Criação, não teria como descrever uma fração do que eu estava vivendo naquele instante.

Sentia minha existência em Deus.

A partir das experiências naquele mundo da essência primordial de todas as coisas, passei a chamá-lo de "Mundo do Criador Absoluto", aquele que sempre existiu e sempre existirá.

Inesperadamente perdi a transmissão dos dados da memória, os quais estavam sendo transferidos da essência espiritual para o corpo físico.

Comecei a acordar no corpo físico, envolvido por uma agradabilíssima sensação de paz.

Com movimentos harmoniosos e lentos, levantei-me delicadamente da cama. Após minha higiene pessoal, sentei-me em uma pedra que ficava em frente à minha casa.

Em estado de semi-êxtase, contemplava as flores da única planta existente na fachada da casa. Era uma pequena roseira, que parecia exibir com felicidade os poucos botões que lhe restaram.

Com carinho, puxei um dos galhos podados da roseira e, com atenção, pude observar um minúsculo botão, que parecia dormir enquanto suas pétalas concluíam a formação. Pensei comigo mesmo: "De certa forma, sinto-me como este botão de rosa, pois também estou abrindo as pétalas da consciência para um novo mundo em minha vida."

Segurei com suavidade o talo do botão, colocando-o entre os dedos. Após alguns instantes, sem que eu quisesse, suas pétalas começaram a abrir numa velocidade espantosa.

Quando o botão ia se tornar flor por completo, resolvi soltá-lo, pois concluí que sua vida seria muito curta caso eu continuasse acelerando seu desenvolvimento. Refleti: "Não posso restringir a vida de uma rosa tão linda, que veio trazer beleza e fragrância tão agradáveis ao mundo."

Questionei-me quanto ao fato deste meu desenvolvimento consciencial, nesta velocidade, poder estar oferecendo algum risco ao meu corpo. Preferi deixar o próprio tempo responder sendo que, de qualquer maneira, não era meu desejo desacelerar o processo de expansão consciencial.

Fui para o trabalho, onde permaneci durante todo o dia. Era funcionário de uma oficina de fabricação de jóias, cujo proprietário era meu pai.

Almoçávamos lá mesmo e, naquele dia, algo muito estranho começou a acontecer. Quando o almoço chegou eu não estava com fome. Mesmo assim, insisti em comer.

De repente, uma dor dilacerante tomou todo o meu aparelho digestivo. Era um mistério a origem daquela dor, já que a comida era a mesma que estava sendo ingerida pelo meu pai, que parecia nada sentir.

Discretamente parei de comer e guardei meu prato. Passados alguns minutos, a dor desapareceu.

Durante uma semana fiquei sem comer nada, apenas tomando água.

Tal procedimento trouxe uma série de problemas familiares, o que não foi surpresa para mim.

Voltei gradualmente a me alimentar, mas uma radical mudança foi feita em minha dieta. Dali em diante, nenhuma espécie de carne poderia ser ingerida, ou mesmo qualquer substância tóxica.

Naqueles dias que passei em jejum, os extraterrestres submeteram-me a uma desintoxicação psico-física, por meio de aparelhagem interplanetária.

Certa noite, após ter deitado para dormir, fui surpreendido por uma equipe de cientistas extraterrestres. Embora estivessem invisíveis aos olhos físicos, pude vê-los através da clarividência. Contudo, não foi possível ver seus rostos, pois trajavam um macacão de cor branca, que estendia-se até seus capacetes.

Um deles colocou um aparelho em meus pés, enquanto outro colocava uma espécie de capacete em minha cabeça.

A clarividência possibilitava-me assistir toda a operação, como se eu estivesse do lado de fora do meu corpo, pois podia me ver deitado na cama, rodeado de cientistas.

Num dado momento, percebi que os aparelhos seriam ativados. Permaneci deitado, imóvel e com os olhos fechados, na expectativa do que iria acontecer comigo. Porém o que se seguiu não foi muito agradável.

Quando acionaram os aparelhos, levei uma descarga elétrica descomunal, a qual me levou a contorcer violentamente meu corpo, que encontrava-se em estado de choque.

Tudo aconteceu muito rápido, mas foi tempo suficiente para desmotivar-me a fazer outra seção.

Felizmente, escutei pela clariaudiência um dos extraterrestres comunicar-me que a operação estava concluída.

Ainda era noite, mas mesmo assim levantei da cama por alguns instantes e, a passos lentos e trêmulos fui em direção à cozinha, em busca de um copo d'água.

Meu coração batia muito rápido e descompassado. No entanto, após sorver os primeiros goles daquele líquido cristalino, as batidas foram gradualmente ficando serenas em meu peito.

Bem mais calmo, regressei à cama e deitei aliviado por não ter que tomar outro choque.

Sem dificuldade fui envolvido pelo sono.

No dia seguinte, levantei-me sentido meu corpo muito diferente. Era uma forte sensação de leveza, parecia que a metade do meu peso havia desaparecido. Consultando a balança, constatei não haver alteração alguma em meu peso real.

Também senti, de imediato, que minha memória havia mudado. Conseguia lembrar-me de coisas que até então ignorava. As lembranças recém-adquiridas foram retrocedendo no tempo que, em poucos minutos, meus dias de adolescência, como também da infância, passaram rapidamente diante de minha memória.

Então algo incrível aconteceu: rompi a barreira do meu nascimento e pude ver onde me encontrava antes de nascer.

Em um mundo não-físico eu existia, e lá fazia o planejamento para ingressar em um corpo físico da Terra.

De início, só consegui recordar que nasci com uma missão a cumprir, mas não me lembrava qual era esta missão.

Pacientemente fiquei aguardando, na esperança de que o tempo revelaria o motivo maior pelo qual eu teria vindo a este mundo.

Enquanto não descobria qual era a missão, dediquei-me a um trabalho hercúleo de aprimoramento interior, principalmente no que se referia a padrões mais elevados dos aspectos ético e moral, um tanto diferentes dos apresentados pela maioria dos habitantes deste planeta.

Por diversas semanas conversei durante longas horas com meu Eu Superior, o qual se dedicou em me ensinar coisas a respeito de um tipo de amor, composto por uma gama de sentimentos que, unidos, formavam a manifestação do Cristo Interior.

Fiquei um pouco confuso no início porque, desde criança, sempre que ouvia falar em Cristo, referiam-se a Jesus.

Jamais passara por minha cabeça, até então, que qualquer ser humano poderia ter dentro de si o Cristo, apenas pelo fato de desenvolver o amor incondicional e a justiça cósmica.

Todas as minhas noites eram repletas de ação, pois em cada uma delas o período de saída do corpo intensificava-se mais e mais, em função do aumento do tempo de transmissão da memória extrafísica para o corpo físico.

O contato com outras realidades mudava cada vez mais a minha vida.

Com a capacidade de sair do corpo quando eu quisesse, tornei-me um viajante interdimensional. Após adquirir o domínio da transição dimensional, fui convocado pelo Comando Ashtar.

Naquela época, eu ainda não tinha consciência da minha real identidade.

Em função disto, fiquei um tanto quanto surpreso com a convocação, a qual se deu em uma noite em que as estrelas brilhavam fortemente, mostrando a galáxia toda sua glória.

Eu tinha acabado de me projetar e, de pé sobre o telhado da minha casa, fitei por alguns momentos o céu, buscando entre as estrelas um brilho diferente.

Eis que surge no firmamento o brilho da nave que eu estava a esperar. Como uma águia, ela pairou logo acima de mim.

Imediatamente fui banhado por uma luz cilíndrica, peculiar às aparições de naves espaciais.

Teleportaram-me para o centro do controle. Lá chegando, fui calorosamente recebido por uma pequena equipe, trajando armaduras eletrônicas de cor prata-espelhada.

Sem demora, a nave levantou vôo em direção ao espaço sideral. Assim que saímos da atmosfera, avistei uma imensa nave-mãe. Nossa velocidade era tão alta que, quando percebi, já havíamos entrado em seu interior.

À procura do Comandante Ashtar, entrei em uma ampla sala onde já se encontrava outra equipe. Ashtar veio até mim, dizendo:

- Aldomon, creio que você já esteja preparado para trabalhar diretamente conosco na Missão Terra.

- O que é a Missão Terra? - perguntei interessado - Como bem sabe, ainda não consigo me lembrar totalmente da memória imortal.

Ele então explicou-me com paciência:

- Missão Terra é a transmigração em massa de todos os seres e criaturas trevosas que habitam este planeta. A Terra possui um governo negativo, dirigido por uma falange de seres que possuem a forma de dragões. Tais seres constituem a Falange dos Dragões. Uma das missões do meu Comando é retirar todos estes seres do planeta Terra, levando-os para outros planetas que sejam compatíveis com suas evoluções. A partir de agora, você irá reassumir sua Unidade.

Ashtar pediu-me que o acompanhasse. Caminhou em direção a uma porta, que se abriu com sua aproximação.

Todos que estavam na sala nos seguiram. Tive a sensação de que apenas eu não sabia do que se tratava. Pensei: "Será uma festa surpresa?"

De certa maneira estava certo pois, ao atravessar a porta, fui presenteado com uma visão que fez meu coração bater como nunca.

Diante de mim encontrei um pátio lotado de integrantes da Unidade Prata.

Ao vê-los senti algo tão forte dentro de mim, que escutei um estalo interior e, num piscar de olhos, lembrei-me de várias vidas anteriores, inclusive a que tive em Metalha.

Os primeiros que se aproximaram foram Crodon, Sion e Drilha. Notei que Miria estava ausente. Com eles, subi no palanque onde éramos esperados e depois de enxugar as lagrimas de felicidade comecei a falar:

- Como todos sabem, estou vivendo em um corpo da Terra, o que faz com que terríveis limitações me sejam impostas. Porém, ao projetar-me para fora do corpo físico, posso ampliar minha consciência e trabalhar com a Unidade. Entretanto, em algumas circunstâncias, eu é que precisarei de ajuda.

Minha explanação foi bastante rápida.

Retornei ao corpo bastante pensativo mas, novamente, fui envolvido pelo sono.

As batalhas contra as trevas intensificaram-se cada vez mais.

Raras eram as noites em que as naves astrais do Cruzador não sobrevoavam cidades das regiões astrais mais densas.

Os exércitos das sombras também possuíam naves, contudo eram extremamente obsoletas. Suas tentativas de resistência bélica sempre eram em vão, pois eram derrotados pelas Unidades do Comando.

As Unidades rastreavam todos os quadrantes e setores do planeta. Uma de nossas atividades mais comuns era capturar e prender os comandantes negativos.

Por muitas vezes eu, como policial secreto, lancei mão de disfarces para infiltrar-me no exército inimigo.

Certa noite, recebi uma comunicação de um integrante da Unidade informando que precisavam de mim imediatamente no plano astral, pois eu deveria participar de uma missão de emergência.

Concluída a comunicação, fui depressa para o meu quarto e deitei-me na cama. Energizei meu corpo, provocando um estado vibracional que projetou-me para fora do físico.

Ao aparecer no plano astral, fui recebido por dois soldados da Unidade Prata. Expandi minha consciência, adquirindo o nível mental de um extraterrestre. Esse tipo de alteração consciencial provocava em mim uma dualidade bastante distinta: Uma parte de mim mantinha o nível mental do corpo físico, enquanto outra era de um nível mental extraterrestre.

Partimos em uma nave, destinados a pousar numa réplica astral do Cruzador Triton, o qual se encontrava estacionado um pouco acima da Lua.

Entrando no Cruzador, dirigi-me ao Centro de Planejamento Estratégico, onde encontrei diversas equipes da Unidade que participariam da ação. Eram mais de quinhentos seres (homens e mulheres), oriundos de vários planetas.

Todos estavam sentados em poltronas, localizadas em uma arquibancada em forma de meia-lua, perante um gigantesco telão visual. Também havia, diante de cada poltrona, uma pequena tela com imagens coloridas. Um pouco abaixo do telão, havia um painel composto por dezenas de telas visuais de diversos tamanhos e cores.

Dez poltronas ficavam de frente para a arquibancada, junto ao painel. Sentei-me em uma delas e, telepaticamente, comecei a comunicar-me com os demais:

- A missão desta noite consiste em atacar a base avançada da Falange dos Dragões, localizada no Quadrante-66 do Golfo Pérsico, no Oriente Médio. Teremos que destruí-la por completo e fechar aquela passagem que é ligada ao abismo, onde mora o governador negativo do planeta Terra. Deveremos capturar os comandantes da base e levá-los à julgamento no Conselho Planetário. Traçaremos, agora, a estratégia da ação.

No telão apareceu a imagem da base-alvo e começamos a elaborar o plano. Primeiramente, analisamos qual era a sua fonte de energia. Identificamos três formas de alimentação utilizadas por eles. A principal dava-se por meio de cabos condutores subterrâneos, vindos de uma usina de força localizada no abismo. As outras duas formas eram empregadas apenas em casos de emergência, por meio de geradores e baterias.

Identificados todos os aspectos defensivos da base, o plano foi concluído.

Partimos do Cruzador a bordo de uma frota de naves de combate. Em poucos instantes estávamos sobrevoando o Oriente Médio, cujo céu ficou tomado por nossas naves. Eu estava pilotando um caça.

A base inimiga , ao identificar nossa presença em seu espaço aéreo, ativou seu sistema de defesa. O combate foi iniciado.

Nossa tecnologia era tão superior que, em poucos minutos, vencemos e capturamos todos eles. Utilizando os canhões de raios das naves, desintegramos por completo a base. Em seu lugar, restou apenas um imenso buraco escuro, o qual deveríamos soterrar. Disparamos alguns mísseis no interior da abertura e, após a explosão, ela foi fechada.

Concluída a missão, regressamos ao Cruzador.

Eu estava conversando descontraidamente com algumas pessoas quando, de repente, acordei no corpo físico. Sonolento, abri os olhos e vi que ainda era noite. Mudei o corpo de posição e voltei a dormir.

Em poucos meses tornava-se cada vez mais intensa a minha participação direta nos combates pois, gradualmente, dedicava-me a atividades de maior relevância.

No plano físico, minha vida estava tomada de profundas transformações. Quando não estava na oficina, mergulhava em intermináveis meditações.

Com o passar do tempo, comecei a sentir uma irresistível vontade de comunicar aos outros as informações que recebia do meu Eu Superior, ou através de minhas projeções astrais. Tal vontade tornou-se uma necessidade.

Certo dia, estava eu na casa de um amigo, cujos cabelos eram grisalhos atestavam sua experiência de vários anos de trabalho no meio espiritualista. Entre uma conversa e outra, perguntei a ele se poderia reunir, de vez em quando, algumas pessoas em sua casa.

Ele fitou-me com o olhar sério, pensou por alguns instantes e depois falou com alegria:

- Concordo, desde que eu faça a escolha das pessoas que virão.

Apesar de ter adquirido as lembranças de minhas vidas passadas e a consciência de qual era minha participação na Missão Terra, considerava um mistério o motivo maior pelo qual eu havia nascido no plano físico. Por mais que eu buscasse várias fontes de informações, este mistério permanecia indecifrável. Pensei ser desnecessária minha vinda para o mundo físico, pois minha participação junto ao Comando Ashtar acontecia apenas nas dimensões astrais.

Numa tarde de verão, iniciei meus primeiros encontros de divulgação. Recebi um pequeno grupo de pessoas, todos jovens e adolescentes. Eles transmitiam bastante entusiasmo e curiosidade.

Antes que eu começasse a palestra, fui alertado pelo nosso anfitrião de que ainda faltava uma pessoa, que havia avisado que chegaria um pouco atrasada.

Esperamos, então, alguns minutos, até que a campainha tocou.

Enquanto atendiam a porta, fui tomado por um incomum interesse em saber quem era nossa convidada atrasada mas, antes que eu pudesse abrir a boca para perguntar, ela entrou pela porta.

Olhando o semblante da recém-chegada, fui profundamente envolvido por sensações que jamais experimentara ao olhar para alguém.

Meu coração bateu tão rápido e forte que parecia querer saltar do peito.

Ao mesmo tempo, senti uma tontura muito forte. Cheguei a pensar que fosse desmaiar.

Após o impacto do primeiro olhar, meu organismo foi, aos poucos, voltando à serenidade. Algumas pessoas perceberam que algo estranho tinha acontecido comigo, mas em função da falta de intimidade, nada perguntaram.

A jovem garota aparentava ter dezoito ou dezenove anos, cerca de 1,65 de altura, seus cabelos eram bem curtos, pretos e lisos. Mas, o que realmente me chamou a atenção foi a singular expressão dos seus olhos. Eles não me eram estranhos. Ao contemplá-los com atenção, pareciam transformar-se em janelas de vidro, através das quais eu podia ver a silhueta de alguém muito íntimo, mas de quem não conseguia me lembrar.

Minha contemplação foi interrompida pela voz alegre desta jovem que, sorrindo, apresentou-se a mim:

- Oi! Meu nome é Cíntia!

- O meu é Aldomon! Prazer em conhecê-la. - respondi.

Ela sentou-se ao lado de um rapaz que, pela maneira como se tratavam, pude deduzir que eram namorados.

Em seguida, iniciei minha explanação. Durante quase três horas, falamos sobre saídas do corpo, movimentação de energias psíquicas e conhecimentos sobre Eu Superior e arquétipos da alma.

No término do encontro, todos pareciam satisfeitos com aquilo que aprenderam.

Voltei para minha casa envolvido por uma gama de novos pensamentos. A pequena palestra daquela animada tarde, analisada pelo crivo da minha auto-crítica, mostrava ser o limiar de uma nova vida.

Uma idéia brilhou em minha mente e, conspirando comigo mesmo, pensei: "- Posso tornar-me um mensageiro de outros mundos. Percebo, agora, o interesse de algumas pessoas em manter contato com outras realidades, tanto dimensionais quanto existenciais. Hoje, de certa forma, levei um pequeno grupo em uma viagem que transcendia os horizontes de suas consciências."

Lembro-me com vivaz nitidez a expressão de seus semblantes ao entrarem em freqüências mais elevadas de vibrações existenciais, por muitas vezes transparecia um suave êxtase, que cada um deles sentia em diferentes níveis.

Invadido subitamente por uma estranha sensação, percebi que alguém sintonizava sua mente à minha. Quis identificar quem era o desconhecido visitante, o que veio a ocorrer quando pude sentir sua vibração. Surgiram em minha mente os olhos escuros levemente esverdeados de Cíntia. Após pensar em seu nome, minha clarividência abriu, e pude ver com toda clareza seu sorriso alegre e meigo.

Perguntei com veemência:

- Quem é realmente você?

- Você vai acabar descobrindo, e terá uma grande surpresa! - respondeu ela, com um ar misterioso.

Cíntia, após pronunciar tais palavras, rompeu bruscamente a comunicação, deixando-me profundamente curioso e, de certa forma, fascinado com seu mistério.

Saí daquele transe agradável e pus meus pés na realidade material.

As primeiras estrelas no firmamento anunciavam o cair de uma noite serena, muito especial para mim, pois sentia a vida resplandecer com indescritível força.

Aproximava-se a hora de dormir e eu já havia feito o planejamento de sair do corpo em busca da verdadeira identidade daquela misteriosa garota, desvendando assim, o segredo das janelas em seus olhos.

Finalmente projetei-me para o plano astral. Atravessei o teto e voei rumo às poucas nuvens que flutuavam em alturas vertiginosas. Pairando acima de uma pequena nuvem, contemplei do alto as minúsculas cidades que compunham a paisagem daquela região.

Da altura em que eu estava, pude rastrear com extrema precisão o local exato da moradia de Cíntia pois, apenas pensar em seu nome, fez com que uma intuição fortíssima conduzisse meu foco de atenção à uma cidade situada às margens de um lago. Por meio da clarividência, foi possível ver a casa em que ela morava.

Com a rapidez de um raio, voei na direção do conjunto habitacional, descendo em frente à fachada da casa.

Não quis entrar na casa como um invasor. Preferi chamá-la, para que fosse recebido de maneira mais particular.

Ela surgiu quase que instantaneamente após meu chamado.

Assim que a vi, tive uma agradabilíssima surpresa, da forma como ela havia previsto em sua comunicação mental.

Cíntia começou a mudar rapidamente a vibração de sua identidade espiritual, o que provocou uma singular transformação: diante dos meus olhos, por meio da transfiguração, Cíntia tornou-se Miria.

Não fiquei apenas tomado de surpresa, mas também envolvido por uma explosão de alegria a qual não pude conter. Atirei-me em seus braços com tanta ternura e afeto, fazendo-me lembrar o quanto ela era importante para mim.

Depois de saciar nossas saudades, pusemo-nos a conversar. Primeiramente perguntei a ela se no plano físico já tinha adquirido a consciência de sua verdadeira identidade. Miria olhou-me com ar solene, explicando que sua estadia no mundo físico apresentara-lhe uma série de limitações, que estavam dificultando o despertar da consciência imortal.

Subitamente, sem que eu esperasse, um estrondoso barulho puxou-me compulsoriamente para o corpo físico. Acordei um pouco assustado e busquei identificar a origem daquele som perturbador. Sem dificuldade, percebi que não passava de um ruído provocado pela explosão no escapamento de um carro barulhento, que transitara naquele instante em frente à minha casa.

Mudei de posição na cama, tentando reconciliar-me com o sono, o qual havia sido bruscamente interrompido.

Lamentavelmente todas as minhas tentativas iniciais de me projetar através do adormecimento foram frustradas, devido ao estado em que se encontrava meu corpo. O susto que levara produziu uma quantidade excessiva de adrenalina, provocando em mim uma incômoda agitação.

Ao constatar que não conseguiria sair do corpo naquele exato momento, comecei a pensar no meu encontro com Miria, ou melhor, com Cíntia - sua nova identidade na Terra.

Com felicidade, reformulei cada detalhe de suas palavras, pensando comigo mesmo: "Preciso ajudá-la a recobrar a memória de outras vidas".

Fui surpreendido pelo regresso do sono que, em poucos instantes, envolveu-me irresistivelmente numa entorpecência, a qual me projetou novamente para o mundo astral.

Logo após ter saído do corpo, notei que uma espaçonave havia estacionado próximo ao telhado da casa. Sua luz intensa e os sons eletrônicos denunciavam sua presença.

Sem hesitar, teleportei-me para o seu interior, onde fui recebido por duas lindas mulheres, trazendo em seus macacões o brasão da Unidade Prata. Seus trajes eram tão brancos que reluziam com seus movimentos.

Cabelos dourados e lisos, compridos até a cintura. Olhos azuis, com um brilho que transmitia esplendor e vida. Uma delas aproximou-se um pouco mais e, com expressão de total serenidade, falou:

- Aldomon, o laboratório de cibernética do Cruzador está pronto para sua cirurgia de implante eletrônico. Os técnicos já estão à sua espera.

Respondi, apressado:

- Antes de mais nada, preciso expandir minha consciência e tornar-me Alderan. A partir daí poderei entender o que você está dizendo.

Ao pronunciar a última palavra, automaticamente minha vibração espiritual foi aumentando em saltos quânticos. Quando dei por mim, havia me tornado Alderan e assumido, de imediato, minha consciência interdimensional.

Pude, então, compreender a que tipo de instalação cibernética eu seria submetido. Para que eu pudesse ampliar meu poder de ação no uso da tecnologia extraterrestre, fazia-se necessário um aumento vultuoso dos circuitos e canais energéticos do meu corpo eletrônico.

A espaçonave transitou no espaço, rompendo velozmente a distância que nos separava do Cruzador Triton. Numa fração de segundos, quase tão rápido como o pensamento, adentramos a rampa de desembarque daquela fortaleza voadora.

Assim que pousamos, teleportei-me para a sala de cirurgia. Lá chegando, notei que já me encontrava deitado sobre a mesa de operação.

Projetei meu segundo corpo astral para fora do primeiro corpo, o qual ficou dormindo em cima da mesa, inerte como uma estátua de mármore.

Transferi plenamente minha consciência para o segundo corpo.

Estando eu de pé próximo aos cientistas, pude perceber que também fazia parte da equipe de cirurgiões que realizariam os implantes em meu primeiro corpo astral.

Ficamos em volta da mesa e iniciamos um exame minucioso do corpo, que encontrava-se totalmente despido. Feita a identificação dos pontos dos centros de energias psico-elétricas, preparamo-nos para efetivar a montagem dos circuitos cibernéticos.

Aplicada a anestesia eletromagnética, começamos a implantação. Primeiramente, introduzimos dez circuitos de comando em centros de energia espalhados ao longo da medula espinal.

Em seguida, partimos para a instalação de centenas de circuitos periféricos, localizados em pequenos pontos de energia situados ao longo de todo o corpo. Concluída a montagem dos circuitos, iniciamos a ligação dos canais de energia psico-elétricas.

Quase duas horas haviam se passado, e depois de um trabalho muitíssimo complexo, finalmente terminamos a operação.

Voltei para o primeiro corpo astral cheio de expectativas, pois queria experimentar logo os resultados do implante cibernético.

Levantei-me da mesa um pouco zonzo e cambaleante mas, em poucos segundos, estava em pleno equilíbrio.

A sala em que eu estava era de um branco brilhante. Olhando para as várias paredes, avistei em uma delas um amplo espelho. Fui em direção a ele com passos firmes e fortes, na intenção de observar a aparência do meu corpo.

Na imagem refletida, pude ver que a pele do meu corpo havia sido transformada em um complexo circuito eletrônico, o que me dava o aspecto de um componente eletrônico acinzentado. Fiquei maravilhado com o que vi.

Parte 1 aqui

Parte 2 aqui

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