quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Deixando fluir...

Deixando fluir... mesmo que o ego resista

Por Teresa Cristina Pascotto

Tudo o que o ego quer é ESTAR CERTO. Ele abomina qualquer possibilidade de estar "errado" e luta muito contra tudo o que for contrário às suas pseudo-verdades. Em algumas situações acaba se desesperando, por se sentir aprisionado sem encontrar uma saída, mesmo usando todos os seus (nada) sábios recursos. Algumas vezes, este desespero o leva a buscar ajuda, mas encontra verdades que apontam sua responsabilidade, que rejeita, mantendo-se preso na situação. Isso nos traz desequilíbrio. Se estamos mais despertos em nossa consciência, passaremos por esse tipo de situação e teremos a chance de usá-la em nosso benefício, para aprendermos a sair das armadilhas do ego, encontrando as soluções que nosso coração carrega. Por mais que estejamos desesperados na tentativa de sairmos de situações "sem" saída, incapazes de sermos humildes em reconhecermos que estamos "errados", não teremos outra saída a não ser aceitar que existem outras verdades por trás da situação em que estamos. Então entenderemos que tudo nos acontece a partir de nossas crenças e projetamos isso para o mundo, num fluxo energético negativo que promove uma "estrutura energética", onde qualquer pessoa que entrar e que contenha potencial (negativo) latente, para agir e reagir negativamente a nós em uma interação, logicamente, ao estar nessa energia, o potencial negativo que ela contém, se manifestará e agirá exatamente da forma negativa que esperamos que aja, ela irá se manifestar com as atitudes que mais tememos..

Assim, podemos entender que o ego está com a "razão" quando diz que "a tal pessoa" o agrediu/roubou/traiu/usou, pois a pessoa tem sim essa tendência de "roubar o outro" - vou usar o exemplo de "roubo" -, mas só deixa essa tendência vir à tona quando está dentro da estrutura energética de pessoas que acreditam que serão roubadas. Então, é "verdade" que a pessoa nos "roubou". Mas o ego está "errado" em colocar toda a responsabilidade disso no outro. Se o ego não acreditar mais que será roubado, a estrutura energética se desfará e a pessoa que tem potencial latente para roubar, ao interagir conosco, não irá mais nos roubar, pois não acreditaremos mais nisso e não estaremos projetando essa energia e nem estaremos abertos disponibilizando para o saqueador, tudo o que é nosso.


Mas o ego que estar 100% certo e não consegue admitir que ele
quer ser roubado, não quer reconhecer que o outro só faz aquilo porque ele quer que seja assim, só para ter a quem culpar, ao invés de olhar para dentro de si e reconhecer que, nas profundezas de nosso inconsciente, existe uma verdade que o ego odeia: parte de nós, não quer aquilo que acreditamos querer... Nossa alma (em alguns casos) quer de verdade, mas em nosso inconsciente existem memórias de situações passadas em que ao fazer e ter justamente aquilo que desejávamos, fomos levamos à dor, ao fracasso, à injustiça, ao sofrimento, ao erro. Por isso, alguma subpersonalidade oculta em nós, não quer esse/isso que o ego tanto acredita querer. Por ser impulsionado por nossa alma, pelo anseio que ela abriga, o ego se agrada disso e vai em busca de seu objeto de desejo. mas quando o alcança, a alma se encanta e quer ir além, mas ir além, dentro da trilha do coração não é o que o ego quer... isso faz com que, então, o ego queira "despachar" o "objeto/ recurso/condição energética" que ele alcançou.

Se ele quer se livrar daquilo que o levará à aniquilação - é o que ele acredita que acontecerá se e quando deixar o coração o guiar -, ele fará de tudo para não ser o responsável pelo despacho do tal pacote precioso para a alma, e precisará se fazer de vítima de algum saqueador oportunista. Ele então faz essa necessidade vibrar em nosso campo e projeta em nossa estrutura energética para atrair e fisgar o oportunista que estiver mais próximo. Assim, o ego atrai essa pessoa que, com certeza, irá "roubá-lo". Aqui, o ego se torna mais responsável pelo erro do outro, pois o outro tem dentro de si, oculto, o potencial para roubar aquilo que há de melhor no outro, mas se essa pessoa estiver diante de alguém que não se deixa roubar, ela não encontrará possibilidade de roubá-la e isso a ajudará, pois não roubando ela não se sentirá mal e culpada, e isso a ajudará a se curar dessa compulsão por roubar o que o outro criou. Quando interditamos uma pessoa nas suas atitudes mais destrutivas, não permitindo que ela aja de forma errônea conosco, a ajudamos a encontrar o equilíbrio e a libertação, mas ao contrário, quando oferecemos à pessoa que gosta de roubar, todas as condições favoráveis a que ela nos roube, somos também responsáveis por suas atitudes.


São estas verdades que o ego não quer enfrentar, ele quer apenas, ao ser roubado, provar que é a vitima e que ficou sem aquilo que tanto desejava. E o ego acredita mesmo que foi injustiçado e, quando isso ultrapassa determinados limites, o ego acaba se desequilibrando a ponto de necessitar de ajuda externa. Neste ponto, a ajuda externa verdadeiramente eficaz, será aquela que levará o ego a compreender que ele está "correto" em dizer que "foi roubado", mas incorreto quando quer encerrar aí todas as verdades sem ir além, para constatar e reconhecer que ele é responsável por tudo o que lhe aconteceu e que é ele que não quer assumir e sustentar aquilo que conquistou, porque essa conquista será entregue ao coração que fará uso disso no sentido de nos direcionar ao caminho do nosso propósito de vida.


Não é fácil para o ego aceitar essa realidade e ele se debaterá contra. E precisamos deixar isso acontecer, para que as energias contidas dentro disso, de todas as emoções e sentimentos que abrigamos ocultos dentro de nós, por todas as vezes em nossa vida em que nos sentimos exatamente dessa mesma forma, quando fomos "roubados" é muito antiga em nós, pois desde a infância, por herança de vidas passadas, desenvolvemos esse mesmo mecanismo de conquistar algo que tanto desejávamos, e imediatamente, entregarmos ao outro o que era nosso, dentro de uma situação de aparente roubo. Este medo de obter e sustentar algo que tanto desejamos, apesar de parecer absurdo, é nosso velho companheiro.


Precisaremos respeitar essa parte de nós que teme o que nossa alma almeja. Se chegarmos ao ponto de compreensão, autocompaixão e aceitação, iremos relaxar, mesmo que diante de um momento em que novamente perdemos algo que queríamos tanto. Esta aceitação promoverá a ausência de luta e o desespero cessará, e deixaremos fluir. A lucidez se manifestará e poderemos olhar para a mesma questão, agora com tranqüilidade e paz e nos diremos: é, mais uma vez perdemos o que conquistamos, mas está tudo bem, pois agora reconheço essa tendência em mim e sei que sou eu que não quero o que tanto desejo. Mas sei que se esse é o desejo de minha alma, agora estarei presente, me dando o apoio que preciso para ir novamente em busca dessa conquista e, ao tê-la novamente em meu poder, mesmo com medo, saberei sustentá-la, saberei assumir meu compromisso com minha alma e não terei pressa em avançar, poderei ficar parado um pouco, no ponto entre a conquista com o medo e o próximo passo, para poder respirar, me fortalecer, para só então deixar a tal conquista me favorecer e se manifestar de forma a ir além, para os próximos patamares.

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