Dizem que o poder corrompe, mas o que definimos realmente com essa palavra: poder? Neste momento em que assistimos a uma luta para obter ou manter o poder político é bom fazermos uma reflexão a respeito daquilo que representa para nós o poder, já que, mesmo em nossa vida diária, mesmo em nosso pequeno micro-cosmo, fazemos uso do poder.
A Casa VIII da mandala zodiacal é atribuída ao signo de Escorpião, cujos regentes são Marte (o Deus da Ação) e Plutão (o Deus do Reino dos mortos). Geralmente os astrólogos também consideram que este planeta (anão), Plutão, confere uma sensação de poder a quem o possui em casas angulares (Casas I, IV, VII e X).
Plutão (Hades para os gregos) reinava absoluto sobre este reino desconhecido e, por essa razão, muito temido. Enquanto encarnados, temos poucas possibilidades de desvendar seus mistérios ainda em vida a não ser que tenhamos dons paranormais, mas todos temos curiosidade e procuramos de uma maneira ou outra saber mais a respeito. Por essa razão procuramos ler livros, vamos a palestras, freqüentamos círculos esotéricos, aprendemos sobre magia e ciências ocultas para adquirir o conhecimento e desvendar os mistérios do além.
Vida após a vida, contato com os espíritos, magias e feitiçarias, e todas as ciências divinatórias cumprem o mesmo papel. Mas, de maneira geral, para que serve o conhecimento? Basta observar o rosto de uma criancinha que acaba de aprender a dar o laço no seu tênis, ou a abrir a maçaneta de uma porta, ou acender a luz sozinha, para compreender que o conhecimento nos dá uma sensação infinita de poder.
É por essa razão que quanto mais poder temos tanto mais queremos.
Poder, então, tem relação com domínio? Sim, pois, quando dominamos algo ou alguém nos sentimos mais seguros, perdemos o medo e nos tornamos mais confiantes.
Visto desse jeito o poder decorrente do conhecimento pode ser uma coisa muito boa, não é mesmo? Mas então, quando é que ele se torna negativo? Quando perdemos a conexão inicial. Quando não mais agimos como a criancinha face ao laço do tênis.
Essa semana, meditei sobre a história de Adão, Eva e a Serpente. Qual o verdadeiro significado deste episódio da bíblia? Creio que se trate realmente do poder. A Serpente sobre a Árvore é uma representação do poder que o Conhecimento pode oferecer aos seres humanos. Escrevi Conhecimento com C maiúscula porque aqui se trata não de conhecimento racional, mas de conhecimento interior, intuitivo. Eva, com a curiosidade típica das mulheres, dá a primeira mordida na maçã porque quer ter um contato direto com a Luz do Criador. Quer saber, quer conhecer! Quer receber a Luz! Não há nada de mal nisso! Sua intenção é boa! É a mesma intenção que leva a criancinha a aprender a dar o laço no seu tênis. Depois da primeira mordida, toda feliz com a sensação de euforia que adquiriu com essa ligação com a Luz, Eva oferece a maçã a Adão. Os dois têm boa intenção. Não desejam pecar! Aliás, não há este significado neste episódio da Bíblia. Os cabalistas dizem que eles cometeram um erro, mas não um pecado como a Igreja Católica nos ensina! Eles cometeram o erro de querer continuar a dar mais e mais mordidas, simplesmente pelo prazer, pela sensação de euforia alcançada com o conhecimento. Não mais porque queriam continuar a fazer a conexão com a Luz do Criador!
Pois o poder funciona desta forma, como uma droga, uma bebida, ou um ato sexual que nos dá imenso prazer, prazer que perseguimos, depois, mais e mais. É por essa razão que a gente quer mais e mais, pelo prazer e pela sensação, não porque buscamos o conhecimento inicial.
Soa familiar? Vocês já pensaram em quantas vezes começamos alguma coisa cheios de boas intenções e depois cometemos o erro de irmos em busca da satisfação própria, escutando o Ego e não a Voz Interior? Perdemos a conexão! Perdemos a inocência!
Plutão em astrologia rege o sexo, o poder e a morte. Quantas vezes usamos o sexo para subjugar outra pessoa? Sabemos que o outro, aquele que nos ama, depende de nós para satisfazer sua necessidade, e usamos essa dependência para manipulá-lo e subjugá-lo. O impulso sexual, a libido, é regida por Marte, tanto no homem quanto na mulher. Marte comanda o impulso reprodutivo sem o qual não nos reproduziríamos. Mas Plutão comanda algo mais profundo: o ‘tanatos’, como foi explicado por Freud. O orgasmo que conseguimos alcançar durante o ato sexual produz uma sensação de ‘pequena morte’, morte que produz vida, pois é desse ato que surge a possibilidade de um novo ser. Os animais, diferentemente dos seres humanos, agem sob o impulso sexual somente para se reproduzirem. Os humanos buscam o prazer ‘em si’, o prazer pelo prazer, e é este tipo de prazer que vicia, que corrompe! Assim funciona o poder, quanto mais temos, tanto mais queremos, este é o poder ‘em si’, aquele que usamos para subjugar e controlar a vida dos outros e não aquele poder que nos é oferecido pelo Criador através da Luz do conhecimento, da busca interior, do caminho da espiritualidade.
Todas as vezes que nos afastamos da ‘primeira mordida’ acabamos errando! Da mesma maneira, quem detém o poder fica cada vez mais embriagado pela sensação de euforia conseguida com este domínio e esquece da primeira intenção que o levou a buscá-lo.
A história nos ofereceu e continua a nos oferecer exemplos de ditadores e chefes de governo que, no início, estavam cheios de boas intenções e que, ao longo do exercício do poder perderam as boas intenções iniciais e tentaram de tudo para se perpetuarem em seus lugares! Vamos pensar nisso também em nosso pequeno mundo, em nossa vida diária. Vamos analisar nossos pequenos joguinhos de poder que nos dão uma sensação de euforia e que nada acrescentam a nosso crescimento interior. Lembremos uma coisa: o conhecimento nos dá poder, mas o poder não nos dá o Conhecimento! Ele nos afasta do verdadeiro Conhecimento que é somente conseguido quando nos conectamos diretamente com a emanação da Luz, com a inocência de uma criança e com o nosso coração.
Quantas vezes comemos uma maçã porque precisamos de algo para nos alimentar, e depois comemos outra pelo prazer de comer, e depois mais uma e mais uma, até nos empanturrarmos e acabarmos doentes! Ou seja, esquecemos que a maçã estava lá para nos alimentar e para nos dar prazer, mas não para nos matar!
Para encerrarmos nossa reflexão da semana, gostaria que vocês fizessem uma analise da forma com a qual exercem o poder (o domínio) no seu dia-a-dia, na sua vida particular ou profissional, com os amigos, colegas, familiares, namorados etc. Reflitam sobre as razões que nos levam a tentar dominar as outras pessoas ou até mesmo a tentar manipular os acontecimentos futuros. Perguntem-se: “Qual é o combustível do meu desejo”? “Por que procuro essa sensação de poder”? “Faço isso para meu próprio benefício evolutivo ou para obter algo de alguém”?
Se quisermos que a Luz Divina flua em nossa vida e nos traga benefícios, sabemos o que devemos responder!
Uma boa semana, cheia de Luz!
http://somostodosum.ig.com.br/stumes/articulos.asp?id=5738
Poder! Nem sempre natural e por direito adquirido.
Certas manifestações do poder sobre o outro são trabalhadas com esmero para atingir o efeito desejado: subir num pedestal, e investir-se de prerrogativas. Esse tipo de poder não sobrevive se olhado com a visão do amor, da mansidão, da compaixão.
Conquistado pelo uso de uma ou duas técnicas que consistem em expor a fraqueza alheia, para sobressair o seu valor e menosprezar o do outro. Nunca está bom, sempre faltando algo, que só o detentor do poder sabe o que é, e só ele sabe como resolver.
Assustado, nu, o outro olha o agressor como seu salvador e guia.
Essa faceta do poder é doentia, bem maquiada e não é rara.
É um processo sutil e nós estamos acostumados a obedecer, acabamos caindo nesse jogo.
Identifiquemos essa postura, não mais entreguemos nossas escolhas nas mãos de outrem, seja quem for. Que fique no passado a necessidade de seguir ou obedecer alguém.
Ouça seu coração, siga apenas o seu coração.
http://navecomando.blogspot.com/
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