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Asteroides troianos são objetos que compartilham as orbitas planetárias em pontos estáveis localizados à frente ou atrás do planeta. Como esses objetos acompanham a mesma órbita do planeta, não existe risco de colisão. Até agora, somente Marte, Júpiter e Netuno possuíam asteroides troianos, além de duas luas de Saturno que também dividem suas órbitas.
Há muito tempo que os cientistas previam a possibilidade da Terra ter também um asteroide troiano, mas o diminuto tamanho da rocha e posição desfavorável em relação ao Sol tornaram sua detecção praticamente impossível.
"Estes asteroides são invisíveis. Eles ficam sempre à luz do dia, o que os torna muito difícil de vê-los", disse o astrofísico Martin Connors da Athabasca University, no Canadá, principal autor do paper (trabalho científico) sobre a descoberta, publicado esta semana na revista Nature. "Conseguimos encontra-lo porque ele tem uma orbita bastante incomum, que o leva um pouco mais longe do Sol quando comparado aos típicos troianos", completou.
A descoberta
Para encontrar o asteroide troiano, Connors e sua equipe utilizaram milhares de imagens registradas pelo projeto NEOWISE, um complemento da missão do telescópio espacial WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer), que escaneou todo o céu entre janeiro de 2010 e fevereiro de 2011 no comprimento de onda do infravermelho.
O programa NEOWISE tem como objetivo focar especificamente nos objetos próximos à Terra, ou NEOs, como asteroides e cometas, que passam dentro de 45 milhões de quilômetros da Terra. Durante a missão, o NEOWISE observou mais de 155 mil objetos no Cinturão de Asteroides entre Marte e Júpiter, além de 500 NEOs, 132 deles desconhecidos.
A busca resultou em dois possíveis candidatos a asteroides troianos, culminando na descoberta do primeiro objeto desse tipo a partilhar a orbita terrestre.
Companheiro
Batizado de 2010 TK7, o asteroide tem cerca de 300 metros de diâmetro e sua orbita peculiar revela um complexo movimento próximo a um ponto estável no plano da orbita terrestre, apesar do asteroide também se mover acima e abaixo dentro do plano.
O objeto se localiza a 80 milhões de km da Terra, em um ponto estável conhecido como Ponto de Lagrange L4. Esse ponto foi teorizado pela primeira vez em 1772 pelo matemático francês Joseph-Louis Lagrange, que calculou que objetos colocados dentro de alguns pontos específicos do espaço (chamados atualmente de Pontos de Lagrange) ficariam presos indefinidamente devido ao equilíbrio gravitacional da região.
De acordo com cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, JPL, a orbita de 2010 TK7 está bem definida e pelos próximos 100 anos a máxima aproximação prevista para o objeto não será inferior a 24 milhões de quilômetros.
Fotos: No topo, concepção artística mostra a orbita de 2010 TK7 dentro do Ponto de Lagrange L4. Durante sua jornada ao redor do Sol o asteroide permanece dentro do ponto estável, mas se movimenta para cima e para baixo dentro do plano da orbita, mostrado em pontos azuis. Na sequência, vídeo mostra o movimento de 2010 Tk7. Acima, representação dos Pontos de Lagrange, com destaque para o ponto L4, onde se localiza o asteroide troiano terrestre. Crédito: Paul Wiegert, University of Western Ontario, Apolo11.com.
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