Doce presença de uma ausência

Por Silvana Giudice

O filme "Feitiço de Áquila" retrata o amor de um homem e uma mulher condenados a viverem separados, vítimas do feitiço de um bispo apaixonado.
De dia ela se transforma em um falcão. À noite ele se transforma em um lôbo.
Quando então de dia ele é um homem, só pode tê-la em seus braços como um falcão. Quando a noite ela é uma mulher, só pode tê-lo ao seu lado como um lôbo....
Uma lenda, uma história irreal, mas semelhante em alguns aspectos à muitas outras histórias da vida real, em que homens e mulheres não se transformam em lôbo, nem falcão, mas que vivem como estes personagens em constantes desencontros.

Acredito nas relações que não vem carregadas de sofrimento, conflitos e dor, mas de compreensão e tranquilo amor.
Almas que dificilmente brigam, que não disputam, e que posturas possessivas e egoístas praticamente inexistem, mas também acredito nos amores impossíveis, que por "algum motivo" que a razão não explica, em algum momento seguem direções contrárias, se descompassam, se desalinham...

Muitas são as almas unidas por laços que ousam chamar "casamento", mas que mergulham na mais profunda solidão à dois.
Entretanto, existem também aqueles "seres sozinhos" que sentem sempre uma inexplicável e envolvente "presença".
"Presença" de quem pode estar encarnado ou não, geograficamente distante, e que talvez ainda nem se conheçam nesta vida, mas unidas no tempo e espaço por um único sentimento.

Com certeza, muitos são aqueles que tiveram experiências assim, doce e envolvente.
Uma presença invisível mas que conforta, abraça e acaricia.
O mais incrível é que em todos os relatos que ouvi até hoje, a "certeza" de se tratar de uma alma afim é comum à todos.
A certeza de que são acompanhadas por afinidade por outra alma , e que nos momentos mais difíceis e especiais estão a zelar uma pela outra.

Em um mundo em que seres presentes, às vezes se fazem tão ausentes, em que muitos não fazem mal, nem tão pouco bem algum. Umas tantas, completamente inexpressivas e que nada dizem, outras que pouco nos acrescentam e quem sabe, muito menos nós à elas, ter essa certeza é algo no mínimo sublime e reconfortante.
Muitas almas estão temporariamente separadas pelo tempo a cumprir seus desígnios e compromissos com outras almas, mas sabem no fundo que um dia estarão unidas efetivamente pelos laços do sentimento mais poderoso do Universo....aquele que nem o tempo e a distância as separam.

"O ser humano jamais consegue viver sozinho, mas às vezes mesmo acompanhado sente a solidão. Por outro lado, às vezes sozinho está com a sua Alma Gêmea, que por um despertar, se encontrará um dia"...Shamis

Do Clube STUM

Blog Nave Mãe