sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Aprendendo a aprender

Agradeço aos meus professores de cada dia.

Principalmente aqueles que não enxerguei como tais enquanto estavam em minha vida.

Eu estava preocupada em encontrar uma resposta rápida, ou reagindo conforme aprendi fazer.

Mas os véus caem, com mais ou menos demora, eles caem.

E as pedras no nosso sapato são na verdade estímulos.


Nós pedimos por isso. Porque precisamos aprender a ver, e quando não vemos sozinhos surge a ajuda externa.

Talvez palavras mansas não mais despertem o reavaliar-se e então o auxílio vem estrondoso, vem ácido... para que enfim, reavaliemos nossos rumos.

Agradeço meus professores!

E é preciso coragem para reconhecer nossos erros e abraçar sua corrigenda.


Quando é o ego quem os recepciona, o menininho ferido se ofende, sai batendo portas e vira as costas. Reagir assim é cômodo, e não avaliar a situação de frente abrevia mas não exclui a lição, que vai voltar.

Na verdade sair batendo portas é uma ilusão, só adia, porque o professor agora nomeado desafeto e sua lição nomeada ofensa ficam voltando dentro da gente como algo que incomoda, algo que nos ATINGIU.

Atingiu porque caiu num ponto nevrálgico e pouco trabalhado. Justamente nesse ponto que precisa de atenção.


Abençoados cutucões, as vezes revestidos de dureza, são divinos e providenciais, e chegam por meios surpreendentes.

E assim muitos cultivam o rancor ou a mágoa contra o professor. Mas bastaria olhar um pouco além para perceber que o que está incomodando na gente é a exposição do aspecto que queremos esconder. Que o professor viu, identificou, e proclamou.

Ele descobriu, e agora? Abraço ele ou bato nele? E o que você tem feito?


As vezes recebo emails ou comentários no Nave de pessoas descontentes. São raros na verdade, e os que apoiam e fazem festa são maioria. Mas a cada um dos descontentes, depois que passou a velha vontade de reagir, vi como um professor. Me lembro de cada um deles, e do que moveu sua interação aqui. Aprendi a não me deter nas palavras, mas a buscar a intenção que faz alguém se dirigir a mim munido de letras certeiras.

Para abraçar e acolher isso precisamos estar despidos. Certas armaduras que mantemos nos impedem de deixar entrar esses toques preciosos. Armadura de bem resolvido, de quem já sabe tudo... Não sabemos!


Se paramos na “ofensa” e vamos remoer a mágoa, não percebemos a grande ajuda que chegou. Se usamos a falsa ideia de que só nós sabemos tudo e quem está falando sabe menos, não valorizamos.

Se estamos aqui encarnados, estamos sim enxergando menos do que vemos quando somos livres. É muito provável que alguém tenha algo a nos mostrar e ensinar. Assumamos a postura flexível e amena do aprendiz. Aquele que se coloca receptivo para receber o que lhe chega.


Não significa submeter-se, significa extrair e reconhecer a ajuda que chegou, por um meio não tão agradável.

Agradeço aos meus professores e professoras.

Agradeço por cada alfinetada sem dó no meu ego.


Acolhemos e compreendemos ou ainda reagimos?

Alguém nos diz algo que tomamos como ofensa. Especializados em devolver na mesma moeda, ou até com mais algumas, buscamos uma resposta rápida e certeira à altura, ( uns se especializam nessa retórica, andando sempre armados, esses são os mais medrosos ), para que o jogo do “ você agora é meu inimigo” aconteça.

Depois da resposta ácida, olhamos o “ofensor” como alguém para excluir da nossa vida. Não serve mais. Oferece perigo.


Te pergunto. Como alguém que proclama o “SOMOS TODOS UM” exclui alguém da sua vida? Mais outra pergunta: como alguém que diz enxergar melhor exclui um (pseudo) cego da sua vida e que cruzou o seu caminho?

O reagir é na verdade o menininho e a menininha ofendidos e sem saber o que fazer que foram se esconder, porque doeu.

E porque não sabem como lidar com essa dor e nem com quem fez doer.

Vitimizar-se ou ofender-se. Nenhuma das duas saídas resolve.


Quando nos colocamos na posição de aprendizes e somos flexíveis, não nos ofendemos, porque não precisamos descer de pedestal nenhum. Estamos na mesma busca, estamos juntos nisso.


Mas nossos professores as vezes se empolgam!

Usam ferramentas que em vez de alfinetar causam ferimentos maiores.

Olhemos com a boa visão isso: o nosso professor está exercendo o papel de auxiliador, mas ele mesmo precisa de lições, ele também erra, e ele também é aluno em outros momentos.

O aluno troca de papel com seu mestre, e assim vamos ajudando uns aos outros.

Saibamos viver a partir do prisma do observador, e não nos afundarmos no drama .

Separe os excessos, absorva a essência.

Lembre que estamos num jogo, não deixe doer, observe e aprenda apenas.

Estamos todos meio cegos, meio despertos. Releve, perdoe, acolha.


Portanto professores, quando forem ensinar alguém, façam com amor, que o alcance é maior. Ferir assusta seu aluno, o afasta de você e impede que novas lições sejam aproveitadas. Para ambos!


Gratidão a todos os que passaram pela minha vida e me “incomodaram” o coração, tiraram meu sossego com alguma alfinetada.

Alguém vir te tirar da zona de conforto, creia, é uma grande benção.

Hoje os compreendo, abraço, acolho. Quero amanhã compreender mais e mais.

Gratidão!

Em alegria, unidade e aprendendo e ensinando com muito amor,

Ana Paskakulis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário