Faca? Não.
Revólver? Não!
Uai, o que então, uma granada? Não!!!
É a língua mesmo.
Em 10 minutos de conversa, uma língua ferina detona a vida alheia
Coloca em evidência os defeitos de alguém sem dó
Relembra os erros um a um, condenando a um julgamento e a um rótulo
Essa língua ferina , bem esperta, diz que é crítica construtiva, que fala mal mas gosta muito, que fala para consertar. Tudo firula.
Então podemos nos erigir juízes uns dos outros?
De jeito nenhum.
Repare que uma alma equilibrada não grita, não fala alto, porque a harmonia é seu lugar
Não olha com crítica, porque enxerga o momento único do outro, e RESPEITA
Não condena, porque se lembra que ela mesma já errou e quis outra chance
A pobre língua obedece, nem tem vida própria
Os olhos que rastreiam falhas para apontar, também, são mandados, coitados
É da alma que se acha no direito de julgar que emana “esse poder” todo
São os que atiram as primeiras pedras
São os que mandam fritar na cadeira elétrica
Essa tática é antiga, a de julgar e apontar falhas
Tão antiga que já é nua!
É quando precisamos fugir do nosso próprio estado de confusão
Quando a bagunça interna é tamanha e a vontade de consertar é pouca
Que preferimos então gastar nossa energia tentando consertar a bagunça alheia
É quando fechamos a compreensão para nossos atos
E nos tornamos condescendentes com eles
Justificando-os com algo conveniente e ilusório
Porém, para o outro, a rigidez impera
Alguns sinais de quem escolhe essa lamentável tarefa para si são:
Solidão. Poucos amigos.
As pessoas não suportam conviver com alguém que está sempre certo e que tem a última palavra sobre todos os assuntos. E também sentem que o que disserem, por mais razoável que seja, será contestado, porque só há um caminho, o dele.
São os juízes de todos, pessoas, assuntos, situações.
Juízes dão sempre a última cartada...
Rigor excessivo
Você tem a impressão de que fala com o dicionário.
De que está depondo numa delegacia.
Rigor, rigor, rigor.
Não se esforce, você não vai conseguir alcançar. E se alcançar, em algum momento não se enquadará na teia de regras.
Fechando-se assim num emaranhado de palavras e regras, quem sabe as pessoas se assustam com a dificuldade de alcançar e assim não percebem o menino medroso agachado num cantinho, não é?
Quem sabe...
Nada presta. Tudo está errado.
Não importa o quanto se esforçou fulano em sua empreitada.
Suas horas de trabalho, a intenção cheia de amor e alegria.
Não presta. Não cabe dentro do sistema tal, número tal, regra tal.
Fulana construiu um oásis, tijolo por tijolo.
Está tudo errado. Daqui de onde olho com a ponta dos pés, mesmo sem ver o suor que foi colocar tijolo por tijolo, eu decido: não presta! E porque? Porque eu entendo de tudo e posso julgar! ( Eca!!)
Não se iluda com amizades nesse estágio. Nesse ponto em que a pessoa se coloca não há amizade. Porque a qualquer momento você pode infringir uma regra fantasiosa. Já não vai mais prestar...
Remoer um erro próprio pela vida toda.
Porque o ato não se enquadrou na ultra-hiper-mega elaborada regra que ele bolou como sendo a fórmula do sucesso.
Tudo precisa estar exatamente como projetado.
O copo a direita, 15cm do prato.
Não está?
Como isso foi acontecer? Oh, tragédia!
Do começo do texto até agora uma figura como essa nos assusta não é?
Então leitor, quando entrar por essa vereda, a do julgamento e a do dono da verdade, reflita, lembre da nossa conversa. Rs, não tente achar alguém pra encaixar esse texto. Pense em quando agiu assim e se isso já ficou lá atrás.
Sentiu como pesou, sentiu como o clima está CHATO?
Assim nos tornamos. CHATOS.
Desligue Erva Venenosa, caro leitor.
Vamos mudar de clima...
Ishq' Allah, de Deva Premal e Miten, é uma canção Sufi, permita que ela te faça bem...
Solução?
Relaxe amigo!
Seja mais flexível consigo mesmo e com as pessoas.
Veja quanta energia foi gasta para viver dia a dia dentro dessa complicação toda que criou como sendo o melhor.
Olha o trabalho que dá viver dentro dessa rigidez.
Simplifique, adoce esse coração. Ria , conte uma piada.
Não adianta, o mergulho no seu menino medroso vai acontecer, não adianta fugir dele.
Ele só quer que você o abrace, ouça tudo que ele tem pra contar.
Quando chorou, quando se sentiu desprezado.
Quando quis brincar e ninguém quis.
Não precisa se sentir machucado quando alguém não brinca como você gostaria...
A diversidade impera, e somos ainda mais belos por isso
Entenda, acolha e respeite-a.
Permita então, que cada um brinque do seu modo, e enfim, DESCANSE.
Eu não duvido que quem sofre mais nesse processo é você mesmo.
Isso só se conserta quando a partir do seu menino você enxergar as crianças de todos
Mas precisa ser com visão dele, do seu garotinho...
Aí não vai julgar mais, porque vai se lembrar de quando o seu menino quebrou a vidraça
Foi sem querer...
A outra criança brinca tanto quanto você, porque não perdoa-la? Foi sem querer também.
E quando ela se agacha medrosa num canto, não brigue com ela, não fique “de mal”, ela está assustada com os estilhaços pelo chão, explique a ela que está tudo bem, a gente coloca outro vidro no lugar.
Precisaremos deixar o corpo físico para enfim perceber isso tudo?
Quando nossos amparadores e mestres vierem nos mostrar que tudo era bem mais SIMPLES do que pintamos?
Para perceber envergonhados que estivemos perdendo tempo aqui com regras e sistemas, em detrimento da convivência SIMPLES E ALEGRE? Crucificando pessoas e atos com a nossa língua e com o nosso julgamento?
Que se derrubem os nossos muros, que se destruam as nossas barreiras
Nós somos todos crianças divinas, as mais curadas convidando as que estão com dodói , a fazer um curativo e a vir brincar
Olha como tudo é cor e luz. Deus poderia ter feito isso aqui preto e cinza. Escuro o tempo todo.
Ele fez um céu azul de encantar. Ele fez flores coloridas, perfumadas, de formas delicadas.
Fez animais que te olham com amor. Abrace-os...
Fez música, fez sorrisos. Fez arco-íris e céu estrelado.
Tudo te convida à Festa. Tudo.
O resto, o que te impede de enfim participar, é ilusão construída e alimentada por você mesmo.
Repare se o seu mundo não está escuro e feio por sua vontade, por sua escolha.
Sai desse cantinho, enxuga esse rostinho, pára de se defender, acredita em mim, era apenas um sonho ruim...
Vem Criança Linda, deixa eu apertar sua mãozinha, vem brincar comigo de ser humana.
Em alegria, unidade, desarmada e de pé descalço,
Ana Paskakulis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário