Por Xico Bizerra
Estava reparando o céu e avistei mais de uma lua. A de São Jorge estava lá, com dragão e tudo. A outra, vazia de santos e animais, clareava tanto quanto aquela.
Sempre me ensinaram que apenas uma lua morava num céu tão grande. Para que tantas estrelas e uma lua só? Todos a vêem grande, solitária e indecifrável.
Fiquei a imaginar que aquela segunda lua talvez se prestasse para substituir a lua primeira quando chegasse o sol. Mas não: quando o sol desponta a lua não mais há, já foi passear no Japão ou noutras terras distantes.
E agora? Como vou explicar ter visto duas luas? Só posso garantir que jamais vou esquecer que numa noite de setembro beirando o outubro que se achegava reparei o céu e vi mais de uma lua e elas clareavam o chão com a mesma intensidade.
No meu céu cabe uma lua dupla e ambas são verdadeiras. Melhor guardá-las só pra mim, acreditar na verdade das duas luas e esconder de todos que as vi para que não digam que estou aluado.
Duplamente aluado.
Nave Mãe diz: tem mais gente por aí vendo duas luas!
Sim, eu soube de um relato de um amigo do trabalho, sobre o avistamento de duas luas pela mãe dele e sua avó, na década de 80 na região da Tijuca zona Norte do Rio de Janeiro.
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