domingo, 9 de setembro de 2012

O mundo das libélulas



Trechos do livro 'Urânia' de Camille Flammarion

Estendeu a mão para um lago e com o dedo indicou um grupo de seres alados que pairavam por cima das águas azuis. Não tinham a forma humana terrestre. Eram criaturas evidentemente organizadas para viver no ar. Pareciam tecidas de luz. 

De longe, tomei-as, a princípio, por libélulas: tinham-lhes a forma esbelta e elegante, as vastas asas, a vivacidade, a ligeireza. Mas, examinando-as de mais perto, notei seu porte, que não era inferior ao nosso, e reconheci, pela expressão dos olhares, que não eram animais.

As suas cabeças pareciam-se igualmente com as das libélulas, e, à semelhança dessas criaturas aéreas, não tinham pernas. A música deliciosa que eu ouvia não era senão o ruído de seu vôo!
Eram numerosíssimas, vários milhares talvez.

Viam-se, nos cimos das montanha, plantas que não eram nem árvores, nem flores. Erguiam débeis hastes a enormes alturas, e esses talos ramificados sustentavam, parecendo braços estendidos, amplas taças em forma de tulipas.

Essas plantas eram animadas, pelo menos no grau das nossas sensitivas, e mais ainda; e, igual ao desmódio (planta que tem forma de borboleta) de folhas móveis, manifestavam por movimentos as suas impressões interiores.

Esses pequenos bosques formavam verdadeiras cidades vegetais. Os habitantes daquele mundo não tinham outras moradas além de tais plantas, e era no meio dessas perfumadas sensitivas que repousavam, quando não flutuavam nos ares.

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