quinta-feira, 24 de maio de 2012

Crianças divinas




A criança que somos se retrai as vezes.
Chora as vezes.
Tem vontade de não mais acreditar, de se dar. 
Como é árido o terreno 3d para o coração puro das crianças divinas que somos. 
Damos flores, recebemos espinhos. 
Ouvimos por aí: ‘então endureça, desconfie, crie uma armadura’.
Mas o coração divino desperto que somos, não deixa. É contra a nossa essência. 

Essa linda criança prefere ser incompreendida do que não compreender. 
Ser magoada do que magoar.
Já vive em verdade a expressão do mais belo e mais puro que podemos mostrar.

A criança que somos se retrai, mas não desiste. É corajosa a danadinha!
Ela sabe internamente que existem outras crianças, que como ela, assistem à tudo, escondidinhas em corpos adultos. 
Que saem para brincar quando percebem que as outras saíram.

Sabia que existe um lugar onde todas elas se encontram?
Pelos portões desse lugar não passam os corações duros. 
E quando elas se cansam é lá que se afugentam: no paraíso das crianças divinas encerradas em corpos adultos. 

Lá é um ninho divino, onde os olhos sempre olham além, onde as palavras não são necessárias, onde não há enganos nem mentiras. Onde a sublime compreensão é natural e sem esforços.
É por isso que dormimos exauridos e acordamos refeitos... fomos lá descansar a alma quando o corpo dormia. Lá tem árvores rosas, e nós voamos acima da copa delas... tem uvas azuis, inesquecíveis... os pássaros lá pousam nas nossas mãos, lembra?

Lá encontramos os poetas, os visionários, os que falam de coisas que para compreender é preciso ter olhos sensíveis.
Lá encontramos as pessoas que usam a linguagem que apenas os mansos compreendem, que são como uma luva para os que vibram na mesma faixa. 
Essas almas se procuram e brincam juntas. Falam das mesmas coisas, olham para as mesmas coisas. 
Lá todos nos fortalecemos para voltar à dureza 3d mostrar nossas presenças novamente. 

E aqui, durante o dia, procuramos onde estão as outras almas afins... procuramos na energia das palavras, nas imagens, nas cores, nos sons, nas expressões que encontramos. 
Onde estão as outras crianças que a minha conhece tão bem?

E quando o encontro acontece, as afinidades sagradas se estabelecem em amizades fiéis e inabaláveis.

Que toda criança divina que ler esse texto, saiba que somos solidárias, que estamos abraçadas, e que chegaremos ao final das nossas missões aqui como chegamos: puras, sem muros construídos ao redor do coração, sem máculas, e de braços dados! 

Ana


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