Todos nós criamos mecanismos de defesa psicológicos e o excesso deles é indicação, quase sempre, de que algo vai errado. Freud nos ensinou que esses mecanismos de defesa se manifestam pela negação, repressão/recalque, racionalização, projeção, regressão, sublimação, deslocamento, introjeção e formação reativa.
Em especial tem dois momentos de nossas vidas que esses mecanismos afloram: quando estamos sofrendo por amor (morte da alma) e quando estamos com medo ou sofrendo por dor (morte do corpo).
Nestes dois momentos nos tornamos teimosos e tentamos enganar a nós mesmos usando os vários mecanismos de defesas acima citados. Cada um deles merece um texto a parte e o farei.
Freud, o pai da psicanálise, chamava de negação esse mecanismo de defesa psíquico do ser humano em não querer aceitar sua nova realidade de vida. Neste sentido, podemos afirmar que uma pessoa está sendo teimosa quando resiste, recusa-se em saber a verdade dos fatos, preferindo cultivar a ilusão. É evidente que, por conta de sua inflexibilidade, irá colher o fruto da dor e do sofrimento, seja da alma ou do corpo.
Porque essa teimosia? Porque os teimosos costumam dizer que na realidade são persistentes? Será mesmo?
Qual é a diferença entre teimosia e a persistência?
Persistente é quando somos perseverantes, determinados, firmes e constantes em nossos propósitos sem mudar ou variar de intenção.
Teimoso quando somos obstinados, insistentes, birrentos, empacados, não desistimos, teimando exageradamente apesar das evidências dos fatos provarem que estamos no caminho errado.
A persistência – que nos torna mais perto de alcançarmos o objetivo – tem muito mais a ver com o método de trabalho, com a força da vontade, com a busca de caminhos alternativos.
Sabemos que os grandes inventores, músicos, romancistas, pintores, foram persistentes nas suas convicções, porém muitos só foram reconhecidos e consagrados após sua morte. Thomas Edison, o grande inventor, tinha o desejo ardente de iluminar o mundo. Muitos o rotularam de louco, lunático. Para ele inventar a lâmpada tentou inúmeras vezes, e, apesar do insucesso contínuo, não desistiu. Foi teimoso ou perseverante? Perseverante, mas muitos na época o achavam teimoso.
Existe uma linha tênue, muito fina para sabermos distinguir a teimosia da perseverança. Em outras palavras, quando é que deixamos de ser perseverantes e começamos a ser teimosos? No meu entender, a diferença está no resultado.
A teimosia, que nos torna cego e surdo, é persistir nos mesmos erros, é repetir, sem parar, a mesma coisa, com os mesmos erros em algo que não funciona, com as mesmas pessoas até dar certo, que não o (a) deixa feliz. É resistir à verdade e cultivar a ilusão. É continuar a fazer algo que o (a) infelicita e que produz dor e sofrimento. Penso que persistir em erros não trás nada de bom, só é perda de tempo (na melhor das hipóteses).
Acredito que todo mundo tenha seu grau de teimosia… Quantas vezes já não ouviu “Eu não sou teimoso, teimoso é quem teima comigo”, ou, “Eu sou um pouco teimosa, mas não ao ponto de atrapalhar a minha vida ou meus relacionamentos”. Meras desculpas para encobrir nossa teimosia em aceitar a realidade, uma negação enfim.
Cada um gosta das coisas ao seu modo, mas não precisamos ser extremistas e virar um teimoso por isso. Muitas vezes é válido aceitar o ponto de vista do outro, ver as coisas por outro ângulo…
E pior que teimar é teimar errado! Neste ponto entra também o orgulho… orgulho para não aceitar mudanças, para não aceitar opinião… orgulho para não dar o braço a torcer. Penso que isso se torna uma bola de neve e quando nos damos conta, está gigante e incontrolável… complicado… um nó difícil de desatar mesmo tendo consciência de tudo.
Aqui a pergunta: O porquê de sua infelicidade? Fácil de responder: Existe aí uma teimosia de sua parte que se recusa em mudar, em se desapegar de uma ilusão. É Hora de Mudar.
Jesus disse: A verdade vos libertará. O contrário, a ilusão (mentira, ignorância, teimosia), nos aprisiona, gera dor e sofrimento.
Bem, vou terminando por aqui, não vou ficar teimando neste assunto…
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